Porém, qual a relação que isso tem com o processo educativo?
Na atualidade, o uso dos recursos tecnológicos existentes leva-nos a pensar numa perspectiva diferente e mais eficaz de ensino-aprendizagem. Segundo Meregalli et al, o uso das novas tecnologias, no processo educativo, proporciona novas maneiras de ensinar e aprender, trazendo à educação características inovadoras que podem motivar professores e alunos, e que podem ser bastante significativas no desenvolvimento da autonomia, da criatividade e da possibilidade de execução na construção do conhecimento. Assim, faz-se necessário que as escolas sejam equipadas com bons computadores, acesso à Internet e outros recursos tecnológicos. Porém, isso apenas não é suficiente. Segundo Farias (2002/2003), não basta equipar as escolas com materiais, é necessário que se cuide do material humano, pensando numa formação continuada para que a incorporação de tecnologias como o computador possa realmente contribuir com a educação. O professor deve ser capacitado a usar a ferramenta digital, transformando assim a sua aula.
Santiago (2008) coloca que no Brasil, muitos professores atuando nas séries iniciais do Ensino Fundamental e salas de alfabetização não possuem uma habilitação mínima exigida pela lei. Outros necessitam de formação continuada. O autor cita que “o MEC tem estimulado a criação de programas de formação de professores por todo o país” (SANTIAGO, p.83). Uma das possibilidades dessa formação continuada é a Educação a Distância, na qual o professor recebe formação sem precisar deixar de realizar suas atividades em sala de aula. A evolução das novas tecnologias possibilita também uma mudança e crescimento nessa modalidade de ensino a distância, principalmente fazendo uso da Internet. Essa modalidade de ensino que antes era feita por rádio, TV e correspondência, torna-se hoje mais presente. Segundo Gadotti, as novas tecnologias permitiram a criação de novos espaços para o conhecimento. “Agora, além da escola, também a empresa, o espaço domiciliar e o espaço social tornaram-se educativos. Cada dia mais pessoas estudam em casa, pois podem, de casa, acessar o ciberespaço da formação e da aprendizagem a distância” (GADOTTI, p.7). A EaD (Educação a Distância) possibilita aos alunos estudarem em diferentes lugares e diferentes momentos. Assim, o aluno cria os horários que são mais adequados para a realização de suas leituras e tarefas, sem ter que enfrentar problemas de trânsito e deslocamentos.
Ao pensar no processo educativo, não se deve apenas imaginar a situação de estudantes em escolas regulares. É importante estender a alfabetização digital para toda a população. Para Meregalli et al, “cabe ao processo educativo auxiliar na constituição da uma nova sociedade, favorecer aos indivíduos a dominação da linguagem digital, desenvolver potenciais e estruturar competências e habilidades essenciais para a participação ativa nessa rede social”. Sabe-se que boa parte da população não tem condições financeiras para ter um computador ou mantê-lo atualizado, o que dificulta o acesso às tecnologias. Também deve-se lembrar que mesmo tendo alguns telecentros, muitas pessoas não sabem como utilizar essa tecnologia. Assim, as escolas, por exemplo, podem ficar abertas, com profissionais responsáveis em oferecer essa alfabetização digital para toda a comunidade. Santiago (2008) expõe sua preocupação com a “carência de formação de profissionais para desenvolver atividades com o apoio das novas tecnologias” (SANTIAGO, p.88) O autor coloca ainda que no seu entendimento, um grande benefício indireto advindo da formação a distância para professores, com o uso da Internet, é a “fluência tecnológica que o educador acabará desenvolvendo na convivência com seus colegas professores e com a própria Internet” (SANTIAGO, p.88).
Há alguns programas do governo buscando melhorias na questão da inclusão digital, como o projeto banda larga nas escolas, citado no portal da inclusão digital. Segundo as informações, todas as escolas públicas que tenham mais de 50 alunos terão laboratórios de informática equipados com computadores e banda larga e capacitação dos professores. Isso até daqui a três anos. Há alguns outros programas, como o Acessa São Paulo, Acessa Jundiaí, Ação Digital, Banco do Brasil, BH-Digital, Casa Brasil, Casa Vitória, entre outros.
Porém, muito ainda há que se fazer, para que a população possa realmente ser incluída digitalmente. Uma possível solução seria implantar telecentros em parceria com entidades presentes na comunidade. Com isso, haveria “uma óbvia redução de custos já que não se constroem novos espaços, adaptam-se espaços pré-existentes muito bem localizados do ponto de vista das comunidades que se deseja atingir” (ASSUMPÇÃO, 2001, p.92). Outra proposta mais imediata com relação a profissionais que possam alfabetizar digitalmente a comunidade seria oferecer uma bolsa para bons estudantes universitários que estão habituados a lidar com as tecnologias em seus cursos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
FARIAS, Isabel Maria Sabino. Os professores e as Tecnologias na escola: limites e perspectivas da inovação. Tecnologia Educacional. Anos 2002/2003, n.159/160.
SANTIAGO, Glauber. Educação a Distância para Educação Musical 1. UFSCar Virtual: São Carlos, 2008.
ASSUMPÇÃO, Rodrigo Ortiz D’Avila. Além da Inclusão Digital: O Projeto sampa.org. São Paulo, 2001. Disponível em:
Acesso em 20 out. 2009
GADOTTI, Moacir. Perspectivas Atuais da Educação. Disponível em:
Acesso em 20 out. 2009.
MEREGALLI, Ana Claudia et al. A Inclusão digital na educação infantil. Disponível em:
Acesso em: 19 out. 2009
Portal inclusão digital. Disponível em Acesso em: 20 out. 2009
Educação e Inclusão digital. Disponível, em:
Acesso em: 19 out. 2009